CONECTANDO NEGÓCIOS E EXPANDINDO FRONTEIRAS
Oferecemos soluções personalizadas de importação e exportação para apoiar novos negócios internacionais.

QUAIS OS INTERESSES DA CHINA NO CONFLITO ENTRE RÚSSIA E UCRÂNIA ?

Interesses da China no conflito da Rússia

Era  de se imaginar que, nas  tensões com a Ucrânia e o Ocidente, a China ficaria do lado da Rússia, país que é seu aliado de longa data e ex-camarada comunista. Mas os motivos que levaram Pequim a apoiar o governo de Vladimir Putin no atual confronto vão muito além da afinidade histórica.

Rússia e China contra o Ocidente . Objetivos compartilhados, inimigo comum!

Os governos de China e Rússia vêm se aproximando e, segundo especialistas, podem ter criado a conexão mais próxima entre as potências desde a era de Stálin e Mao.

A crise da Crimeia de 2014 na Ucrânia empurrou a Rússia para os braços da China, que ofereceu a Moscou apoio econômico e diplomático em meio ao isolamento internacional.

Desde então, o relacionamento floresceu ainda mais. A China é o maior parceiro comercial da Rússia há anos e atingiu no ano passado um novo recorde de US$147 bilhões em comércio bilateral.

Os dois países também assinaram um acordo para estreitar seus laços militares no ano passado e intensificaram os exercícios militares conjuntos.

Ambos os países têm relações particularmente tensas com o Ocidente, o que é crucial para sua aliança.

Pequim e Moscou têm um interesse comum em reagir contra os EUA e a Europa e expandir seu papel na política internacional, segundo Chris Miller, professor assistente de História Internacional da Universidade Tufts.

No caso de uma escalada no conflito com a Ucrânia que resulte na imposição de sanções ocidentais à Rússia, os especialistas acreditam que a China provavelmente fornecerá ajuda econômica para Moscou, assim como já fez no passado.

A assistência pode chegar em forma de fornecimento de sistemas alternativos de pagamento, empréstimos para bancos e empresas russas, uma expansão da importação de petróleo russo ou até mesmo a rejeição total dos controles de exportação dos EUA.

No entanto, tudo isso significaria um ônus financeiro significativo para a China - razão pela qual os especialistas acreditam que Pequim, ao menos por enquanto, se contentou em apoiar Moscou apenas com palavras de aprovação.

"O apoio manifestado apenas por meio da retórica é um movimento de baixo custo para Pequim", diz Miller.

Um conflito militar na Ucrânia certamente tiraria a atenção dos EUA de outras questões, o que sem dúvida beneficia a China. Mas muitos observadores acreditam que Pequim realmente diz a verdade quando afirma não querer uma guerra.

A China busca estabilizar as relações com os EUA neste momento, aponta Bonnie Glaser, diretora do programa sobre a Ásia do centro de estudos americano German Marshall Fund. Se Pequim ampliar ainda mais seu apoio a Moscou, "poderia criar mais tensões com os EUA, incluindo uma divisão mais clara entre democracia e autocracia", afirmou a especialista à BBC.

Em um artigo publicado recentemente, o cientista político Minxin Pei afirmou que Pequim está provavelmente "protegendo suas apostas" em relação à crise, pois desconfia das verdadeiras intenções de Moscou.

Além disso, dar mais apoio à Rússia pode provocar reações negativas da União Europeia, o segundo maior parceiro comercial da China. Segundo Pei, esse descontentamento europeu poderia assumir a forma de apoio a Taiwan em sua luta por independência com Pequim.

Americanos e chineses observam de perto o conflito na Ucrânia, que pode servir como um teste para a lealdade dos Estados Unidos com seus aliados.

Muitos questionam se os EUA poderiam intervir militarmente se a Rússia decidir, de fato, invadir a Ucrânia, ou se o país faria o mesmo caso a China decida intervir em Taiwan, uma ilha que se vê como independente e tem os americanos como maiores aliados.

A preocupação em relação ao uma guerra dos EUA com a China por causa de Taiwan é vista como legítima na Ásia, já que a rivalidade EUA-China não para de crescer e Taiwan relata cada vez mais invasões de aviões militares chineses em seu espaço aéreo.

Os EUA evitam comentar sobre sua posição no caso de um ataque. E apesar do acordo que obriga os americanos a fornecer suporte militar a Taiwan em momentos de ameaça, Washington reconhece por meio de sua diplomacia a ideia defendida por Pequim de que Tibete, Hong Kong, Macau e Xinjiang (todas áreas que reivindicam autonomia perante a China) fazem parte do mesmo país.

Especialistas, no entanto, afirmam que não é correto comparar a situação de Taiwan com a da Ucrânia e argumentam que as duas crises são alimentadas por interesses geopolíticos distintos.

"A China não é a Rússia, e Taiwan não é Ucrânia. Os EUA têm muito mais em jogo com Taiwan do que com a Ucrânia", diz Bonnie Glaser.